Entre vales, trilhas e cachoeiras, a Chapada Diamantina esconde uma surpresa histórica e visual que intriga e encanta quem passa por Mucugê: o Cemitério Bizantino. Um lugar que, à primeira vista, parece destoar do cenário de aventura e natureza, mas que, ao contrário, revela camadas profundas de beleza, memória e identidade regional.
Um cartão-postal que nasceu do improvável
Localizado na entrada da cidade de Mucugê (BA), às margens da rodovia BA-142, o Cemitério Santa Isabel, como é oficialmente chamado, impressiona pelo contraste: pequenas construções brancas enfileiradas lembram uma vila em miniatura, cercada pelas montanhas e pelo verde da vegetação típica da Chapada. À distância, parece uma pintura. De perto, uma galeria a céu aberto.
A singularidade da sua arquitetura, com influência neogótica e traços que lembram igrejas medievais, rendeu ao local o apelido popular de “Cemitério Bizantino”, mesmo que o estilo não seja exatamente esse. O nome, segundo relatos históricos, surgiu por associação de antigos comerciantes turcos que viam semelhança com os templos do império Bizantino. Uma curiosidade que acabou se tornando parte do mito local.
De tragédia à beleza: a origem do cemitério
Construído entre 1855 e 1886, o cemitério foi uma resposta a uma grave epidemia de cólera e varíola que atingiu a região durante o ciclo do garimpo. A necessidade de sepultar as vítimas longe dos mananciais e das áreas centrais da cidade resultou na escolha desse local específico, onde o solo permitia escavações mais rápidas.
Com o tempo, famílias ricas e influentes, muitas ligadas à extração de diamantes, passaram a investir na construção de mausoléus ornamentados, contratando até mesmo arquitetos europeus. Assim, o espaço ganhou valor estético e histórico, tornando-se um dos cemitérios mais visitados do Brasil.
Do anonimato à fama nacional
A consagração como atrativo turístico veio oficialmente em 1980, com o tombamento pelo IPHAN como patrimônio histórico e paisagístico. Mas o grande impulso popular aconteceu em 1992, quando o Cemitério Bizantino foi cenário da novela “Pedra sobre Pedra”, da Rede Globo. Desde então, o local atrai viajantes curiosos, fotógrafos, historiadores e amantes da arte.
Uma experiência contemplativa e única
A visita ao Cemitério Bizantino vai além do turismo tradicional. É uma oportunidade de se conectar com a história da região, refletir sobre o tempo e contemplar a beleza inesperada que a Chapada reserva.
Durante o dia, o branco das construções contrasta com o céu azul e a vegetação do entorno, criando um cenário perfeito para fotos. À noite, o espetáculo de luzes transforma o espaço em um palco simbólico, onde arte e memória dialogam com silêncio e admiração.
✧ Entrada gratuita todos os dias, das 8h às 18h
✧ Visitas guiadas com informações históricas estão disponíveis
✧ Doações voluntárias são bem-vindas para a manutenção do espaço
Dica de quem conhece a Chapada como ninguém
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